Defesa vai pedir medida protetiva para família que denunciou ação truculenta de PMs
A defesa da família que denunciou a ação truculenta de policiais militares durante abordagem em Chã de Bebedouro, no último sábado, 24, vai pedir à Justiça medida protetiva para as vítimas. Os parentes relataram que se sentem “vigiados” por policiais, que estariam passando pela frente da casa deles.
Imagens divulgadas no último fim de semana mostram PMs batendo a cabeça de um homem, já algemado, contra uma viatura. A família da vítima contou que os agentes chegaram ao local após denúncia de som alto, porém foram agressivos sem motivo. O vídeo vai ser analisado pelos órgãos competentes (assista à filmagem no fim da matéria).
O advogado Rodrigo Santana declarou que vai entrar com uma ação conjunta com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL) e reforçou que a família está com medo de represálias.
“Vamos entrar em uma ação conjunta com o Ministério Público, primeiro pedindo uma medida protetiva, que infelizmente as guarnições estão passando, parando na porta, observando a casa. A família se sente coagida pela situação”, disse.
Santana espera que os fatos sejam apurados e que se tenha culpabilidade pela abordagem. “A defesa vai lutar pela punibilidade de todos, seja por afastamento ou retirada de função”, destacou.
A promotora Karla Padilha adiantou que o Ministério Público vai pedir instauração de inquérito para apurar o caso. “Eu tenho certeza que a própria Polícia Militar não compactua com alguns dos seus integrantes. Eles estão preparados e capacitados, presume-se, para agir com rigor necessário para conter qualquer tipo de reação por parte de eventual autor de ilícito”.
Para Padilha, o primeiro momento vai ser de acompanhamento da investigação, que inicialmente vai estar com a Corregedoria da PM em Alagoas.
“O que o Ministério Público faz, nesse momento, enquanto controle externo, é acompanhar as investigações que deverão ser desenvolvidas no âmbito da Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas. A partir daí, vai requisitar a instauração de inquérito policial militar para apurar que ilícitos foram praticados pelos policiais, que as imagens revelam de forma cristalina, infelizmente”.
Por fim, a promotora admitiu que as imagens mostram excesso na abordagem dos agentes e que a população não pode temer quem tem o dever de protegê-la.
“As imagens vão ser avaliadas por algum corregedor da PM e é claro que não se espere que a polícia vá, sim, agir com rigor, com violência, quando necessário. Naquele caso o excesso é patente, é nítido. A população não pode ter na polícia temor, medo, e sim um agente que possa defender seus interesses e direitos”, finalizou.
Família relata momentos de violência
Os sogros do homem que apareceu nas imagens tendo a cabeça empurrada contra a viatura conversaram com a reportagem da TV Pajuçara, e recordaram as agressões sofridas pela vítima, e também por eles. A filha do casal, uma adolescente de 16 anos, também denunciou que sofreu com a violência dos militares.
O sogro da vítima, um técnico em eletrônica de 38 anos que preferiu não se identificar, explicou que eles estavam juntos dentro de casa quando os PMs chegaram. Ele negou que estava com som alto, como foi apresentado na denúncia, e afirmou que eles foram agredidos sem motivo.
“São três casas que estavam curtindo o som. A minha casa o som estava dentro de casa, nas outras duas, o som estava fora. Esse vizinho meu, ele é Civil, e já tem uma rixa comigo porque quer ser o dono da rua, eu nunca baixei minha cabeça pra ele. Dessa vez ele ligou para a polícia e ela veio até a minha porta”, iniciou.
“Ele foi lá, conversou com os policiais, ficou de 5 a 10 minutos falando com eles. Quando os policiais chegaram até a minha porta, eles perguntaram quem era o responsável pela casa. Minha mulher se identificou, que era ela, mas a polícia procurou por mim. Me identifiquei como proprietário da casa, eles conversaram sobre a denúncia de som alto. Eu disse ‘aqui não foi'”, continuou o sogro.
“Eles pediram meus documentos, eu fui buscar. Dizem que eu demorei muito, que esperaram 10 minutos, não foi isso tudo. Quando entreguei o documento na mão de um deles, ele passou para outro policial. E aí eles já entraram dentro de casa agredindo o meu genro, colocaram a algema no meu genro. Eles invadiram, me espancaram, me jogaram no chão […] Botaram algema em mim. Eu disse que tinha problema de pressão alta, porque eu tive AVC. Eu não reagi momento algum”, relembrou.
Na versão da sogra, as agressões vão além. Ela afirma que a filha dela teve a roupa rasgada pelos agentes. “Quando cheguei na cozinha, eu tinha medo que eles fizessem mais coisas com ela… E deram na cara dela, de um lado e do outro. “Sua vagabunda, você vai filmar? Filme, vagabunda”, bem assim com minha filha de 16 anos, ainda rasgaram a roupa dela”, contou à reportagem.
“Eu estou muito abalada com tudo o que aconteceu. Eu não durmo, eu não como direito”, disse a mulher aos prantos.
A filha dela também destacou que agora tem medo de sair de casa, pois teme pela vida. Ela acredita que a família corre riscos após denunciar os PMs.
“Eu quero proteção, eu não confio mais em ninguém, em nenhum policial. Estamos com medo. Quem não estaria? A gente sai de um jeito, olhando para um lado e para o outro. Se eles tiveram essa capacidade de fazer essa crueldade com gente que é família… É uma aceitação muito difícil para a gente”.
Por meio de nota, a PM de Alagoas informou que foi determinado a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta da equipe policial.
Fonte: tnh1
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