Adolescente de 16 anos é baleado dentro de casa e morre na Penha; polícia faz operação contra o tráfico na região

Adolescente de 16 anos é baleado dentro de casa e morre na Penha; polícia faz operação contra o tráfico na região



Ao todo, 15 pessoas foram presas na Operação Coalizão pelo Bem da Polícia Civil: 5 em Manaus, 2 em São Paulo e 8 no Rio de Janeiro.

Investigados na operação também são suspeitos de enviar mais de R$ 129 milhões para fortalecer facção criminosa no Amazonas e comprar armas e drogas.

Um adolescente de 16 anos morreu depois de ser baleado no Morro da Fé, no Complexo da Penha, na Zona Norte, mesma região onde aconteceu uma operação da Polícia Civil no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (18). Thiago da Conceição estava dentro de casa quando foi baleado na cabeça, mas a polícia nega que ele tenha sido atingido durante a operação.

Ele chegou a ser levado para o Hospital Getúlio Vargas, também na Penha, por parentes e vizinhos, mas não resistiu. A mãe de Thiago chegou a precisar de atendimento médico ao receber a notícia.

“Com relação específica ao adolescente baleado, a gente não tem todas as informações. Isso será objeto de uma investigação. No local onde ele foi baleado, não havia nenhum policial naquela localidade. Eles perceberam um tumulto à distância, e obtiveram a informação que o adolescente tinha sido baleado”, disse o subsecretário operacional do RJ, Rodrigo Oliveira, durante coletiva à imprensa.
A Operação Coalizão pelo Bem reuniu agentes das polícias civis do Rio, do Pará e do Amazonas e contou com o apoio da Polícia Militar do Rio. O objetivo era prender um dos chefes do tráfico do Comando Vermelho mandante dos ataques em Manaus, no Amazonas, segundo a Polícia Civil do Rio.

“Há cerca de seis meses começou a nos chamar a atenção o fato de detectarmos pessoas de outros estados no Rio de Janeiro. Mais recentemente, fruto de investigações de roubos a joalherias na Zona Sul com criminosos do Pará. Disseram que os traficantes que deram as ordens para os ataques no Amazonas estariam no Rio de Janeiro”, falou Oliveira.

Segundo a polícia, Mano Kaio, que seria o mandante dos ataques, está escondido no Complexo da Penha. Além do Rio, a operação aconteceu em São Paulo e também no Amazonas.

Ao todo, 3 homens foram mortos — 2 no Rio e 1 em Manaus — e 15 pessoas foram presas. Também foram apreendidos dinheiro, um fuzil, munição, drogas e uma granada.

O homem morto em Manaus era pai de um dos presos que teria tentado reagir e tomar o fuzil de um policial.

Já entre os presos está Marcelo Silva, conhecido como Jogador, apontado como um dos chefes do tráfico do Comando vermelho no Amazonas e cunhado de Gerson Carnaúba, líder da organização, que foi preso.
“Ele geria do Rio de Janeiro o grupo. Foi ele que orquestrou os ataques tanto na capital quanto no interior”, disse a delegada-geral do Amazonas, Emília Ferraz.

Além dele, há mais um preso do Amazonas e outros 4 do Pará.

Balanço de mortos, presos e apreensões:

Rio de Janeiro: 2 mortos e 8 presos, sendo 3 do AM, 4 do Pará e 1 do Rio;
Amazonas: 1 morto, 5 presos, 4 veículos apreendidos e R$ 13 mil apreendidos;
São Paulo: 2 presos, 1 veículo apreendido.
A polícia divulgou fotos de 3 homens que ainda são procurados no Rio.
Rodrigo Oliveira ressaltou que a operação buscou bloquear os bens dos criminosos.

“É isso que incentiva a entrada dessas pessoas na atividade criminosa. Amanheceram bloqueados nessa manhã R$ 127 milhões”.

Já o diretor do Departamento de Combate à Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro, Flávio Porto, disse que havia movimentação de dinheiro através de pessoas jurídicas no Amazonas.

“Criminosos que vierem de outros estados para cá achando que o Rio de Janeiro é colônia de férias serão presos e terão seus bens bloqueados”, afirmou Flávio Porto.
O delegado disse que duas empresas de Manaus foram alvos de mandados de busca e apreensão e também de prisão nesta sexta. Segundo ele, foi feita uma movimentação de R$ 129 milhões no espaço de um ano e meio.

“Foram feitos depósitos fracionados e sucessivos. Os recursos do varejo do tráfico foram mesclados às atividades dessas pessoas jurídicas”, explicou.
A delegada Emília Ferraz disse também que as ordens dos ataques partiram de traficantes que estavam no Rio de Janeiro.

“O trabalho de inteligência indicou que as ordens dos ataques partiram de pessoas que estavam em favelas aqui do Rio de Janeiro. Independente da fronteira que de encontre, nós vamos atrás e vamos prender todos”.

“Foi preso o maior comandante do comando vermelho que Atua no estado do Amazonas, e com ele toda uma rede de lavagem de dinheiro e movimentação financeira”, afirmou ela.

E completou:

“Prendemos todos os mandantes desses ataques”.
Lavagem de dinheiro
Os investigados são suspeitos de enviar mais de R$ 129 milhões para fortalecer facção criminosa no Amazonas e comprar armas e drogas. Durante a investigação, a polícia ainda identificou que a estrutura de lavagem de dinheiro também favorecia criminosos da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).

A polícia investiga se chefes de facções de outros estados também se esconderam no Complexo da Penha.
Onda de violência no Amazonas
O Amazonas viveu uma onda de violência entre 6 e 8 de junho. Ônibus, delegacias, viaturas policiais, ambulâncias, prédios públicos e agências bancárias foram incendiadas e alvo de tiros. A série de ataques aconteceu após a morte de um traficante em ação da polícia local.
Outras nove cidades também foram alvo de ataques. Houve reflexos no comércio e nas aulas em colégios públicos e particulares e até a vacinação contra a Covid foi suspensa.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, 74 pessoas foram presas e 2 adolescentes apreendidos desde o início dos ataques. Tropas da Força Nacional, com 144 homens, chegaram ao estado para reforçar a segurança e atuam desde o dia 10 de junho.

Operação Colizão pelo Bem
Agentes do Departamento Geral de Combate à Corrupção, Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro saíram para cumprir 18 mandados de prisão temporária e 35 mandados de busca e apreensão nos três estados.
Três homens ainda são procurados no Rio. São eles:

David Palheta Pinheiro, conhecido como Bolacha ou David PP;
Anderson Sousa Santos, conhecido como Anderson Latrol;
Rodolfo Nascimento Silva, conhecido como Mão ou Mãozinha.
Ao todo, 200 homens da Polícia Civil e 400 da Polícia Militar participaram da operação. Agentes do Pará e do Amazonas também compuseram a força-tarefa.

A Polícia Militar atuou com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Choque, Grupamento Aeromóvel e Batalhão de Ações com Cães (BAC).
Comando Vermelho do Amazonas
As investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro identificaram uma forte ligação entre o grupo criminoso do estado e seu braço no Amazonas, autointitulado “Comando Vermelho do Amazonas” (CVAM).
Os membros dos grupos criminosos se valiam do sistema bancário e de empresas de fachada para a remessa de valores do Rio de Janeiro para o Amazonas, conforme a investigação. Em um ano e meio os valores arrecadados pela quadrilha teria superado R$ 129 milhões, segundo a Polícia Civil do Rio.

A quantia era usada para o fortalecimento da facção no Estado do Amazonas, para a aquisição de armas e drogas para o grupo criminoso do Rio de Janeiro. A pedido dos investigadores, a Justiça determinou o sequestro de bens e o bloqueio de R$ 126.984.934,67 em contas bancárias dos suspeitos e de empresas supostamente envolvidas com as facções.
O objetivo da organização criminosa amazonense, detalham investigadores do RJ, era controlar territorialmente uma das principais rotas de tráfico da América Latina: a Tríplice Fronteira Amazônica, formada pelas cidades de Tabatinga-Brasil, Santa Rosa-Peru e Letícia-Colômbia.





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Fonte: G1

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