“O sucesso contínuo por décadas me enche de orgulho. Não é fácil atravessar as gerações”, diz Bell Marques
O cantor, compositor, produtor musical e instrumentista baiano Washington Bell Marques da Silva, ou apenas conhecido como Bell Marques, é uns dos cantores preferidos da nova geração.
Ele nasceu em uma família de músico de Salvador, Bell, de 70 anos, começou fazer sucesso entre o seu público e em carnavais como vocalista da banda chiclete com banana. Entre os anos de 1980 e 2014, o grupo fez o maior sucesso e vendeu 8 milhões de álbuns pelo país.
A carreira solo de Bell foi iniciada em 4 de Março de 2014, no último dia de carnaval daquele ano, com a participação do bloco Vumbora. Barra Ondína, em Salvador. Segue firme após 44 anos de uma estreia em um trio elétrico, o tapajós, bloco traz os montes.
Casado há mais de 30 anos com Ana Marques, o cantor é pai de Rafael e Filipe Marques, chamados de Rafa e Pipo, que deram início a banda Axé Oito7 nove4, Bell Marques, foi pai de Rebeca Teixeira, artista plástica e mãe de Iris e Elis.
“Quando Rafa e Pipo começaram, não queria que eles fossem artistas”. Amo a música e a carreira, mas você só percebe quanto o fim de semana e o domingo com a família são importantes, fundamentais, quando deixa de ter os dois por causa do trabalho. Todo mundo junto e eu separado da família. Mas eles me disseram exatamente assim: “Meu pai, vamos seguir a carreira musical porque não achamos que o senhor é ausente. Ao contrário: é muito presente em nossas vidas. Por isso, queremos seguir esse caminho que você trilhou”.
“Minha música é muito positiva. Fala de amor sempre. Penso que isso atrai os jovens que vão chegando e gostam de uma vibe bacana. Isso eu ofereço nos meus shows e também fora deles”.
Bell fez uma entrevista com o R7 sobre sua carreira. Acompanhe:
Você tocou pela primeira vez em um trio elétrico em 1979, no Trio Tapajós, para o bloco Traz os Montes. Depois, vieram a banda Scorpius, criada em 1980 e rebatizada no ano seguinte como Chiclete com Banana, e a carreira solo, em 2014. São 70 anos de idade e quase 44 de sucesso contínuo, ininterrupto, o que é muito raro. Além disso, é um dos artistas da música brasileira mais admirada pelos colegas de profissão de todas as gerações. Como avalia essas conquistas?
Bell Marques — Muito obrigado. Sinto um orgulho supremo e renovado sempre que me lembram desses dois pontos, como agora. Atravessar gerações não é coisa fácil, definitivamente, mas nunca tive nem tenho fórmula para isso. Acho, no entanto, que alguns fatores ajudaram e continuam importantes. Minha música é muito positiva. Fala de amor sempre. Penso que isso atrai os jovens que vão chegando e gostam de uma vibe bacana. Isso eu ofereço nos meus shows e também fora deles.
E o carinho especial vindo dos colegas cantores e músicos?
É outra questão para a qual não tenho resposta exata, mas acho que meu temperamento positivo e a disposição para fortalecer amizades e parcerias são fatores decisivos para isso. O ambiente musical na Bahia sempre foi muito unido e teve como marca a colaboração entre os artistas. No começo de nossa história, antes de o axé music ocupar espaço em todo o Brasil, nós, artistas baianos, cantávamos as músicas dos colegas com uma frequência ainda maior do que a atual. Era, e ainda é, uma forma de todos contribuírem para ampliar a divulgação do trabalho de todos. Nesse caminho, muitos ficaram e outros passaram. Tive o privilégio de fazer essa trajetória sempre com boa aceitação do público e, para minha honra, muito carinho da quase totalidade dos colegas da música, sobretudo dos baianos.
Os músicos baianos passam mesmo a impressão de serem unidos?
Não fica apenas na impressão. É fato, verdade. Os mais jovens dizem para mim que me admiram pela minha força e determinação para buscar sempre o melhor até agora, aos 70 anos.
Seus filhos Rafael e Filipe Marques, conhecidos como Rafa e Pipo, formaram a banda de axé Oito7Nove4, que hoje se chama Rafa & Pipo Marques. Sendo filhos de quem são, foram corajosos ao escolher a carreira musical…
(Risos) Eles fazem um som muito bacana, parecido com o meu. Vou contar uma história com sinceridade. Quando eles começaram, eu não queria que eles fossem artistas. Sofria muito por um motivo: amo a música e minha carreira, mas você só percebe quanto o fim de semana e o domingo com a família são importantes, fundamentais, quando você deixa de ter os dois por causa do trabalho. Ana, minha mulher, sempre foi muito compreensiva, mas para mim era um sofrimento ficar longe dela e dos filhos de sexta-feira a domingo. Todo mundo junto e nós separados. Mas Rafa e Pipo me disseram exatamente assim: “Meu pai, nós vamos seguir a carreira musical porque não achamos que o senhor é ausente. Ao contrário: é muito presente em nossas vidas. Por isso, queremos seguir esse caminho que você trilhou”.
Emocionante.
Pois é, rapaz, fiquei muito emocionado na hora e, aí, não teve como discordar, né? Eles estudam música com afinco até hoje. Fazem parte de uma banda muito legal e estão com músicas de sucesso no país. O maior motivo do meu imenso orgulho por eles nem é a música, mas a personalidade: são dois caras íntegros, honestos, amigos, bacanas, do bem. Ana e eu trabalhamos intensamente desde o nascimento deles para que eu pudesse dizer isso agora. E como é bom poder falar isso.
Quantas bandanas você tem?
Mais de 300. Entre elas quatro pintadas pelo grande artista plástico Hector Julio Páride Bernabó, o Carybé, argentino naturalizado brasileiro que viveu na Bahia de 1949 até a morte, em 1997, aos 86 anos, em Salvador. Essas eu não coloco na cabeça. Estão em quadros, nas paredes de minha casa. São muito mais do que bandanas. São obras de arte de altíssimo nível.
Com tantas bandanas na coleção, qual é o critério para escolher a que será usada em cada dia?
Uma combinação do meu estado de espírito ao acordar com a aparência do dia no local em que estou. Acordo, abro a janela, reflito por uns segundos e digo a mim mesmo: “Será aquela”.
Muito obrigado.
Eu é que agradeço todo o time do R7.
Fonte: R7.COM