Herdeiros de Graciliano Ramos acatam lei e obras do alagoano entram em domínio público a partir de 2024
Graciliano Ramos, um dos ícones literários de Alagoas, tem sua obra prestes a entrar em domínio público em 2024. Os herdeiros do renomado escritor alagoano, autor de obras memoráveis como “Vidas Secas”, “Angústia” e “São Bernardo”, esforçaram-se para evitar que suas criações perdessem o controle autoral a partir de 2024. Em 2018, renovaram o contrato com a Record até 2029, buscando manter o domínio da publicação.
Entretanto, após diversos trâmites legais, consultas jurídicas e negociações, a aceitação tornou-se inevitável. A partir de 1º de janeiro, qualquer editora terá a liberdade de publicar e explorar comercialmente as obras de Graciliano Ramos sem a necessidade de autorização ou pagamento aos herdeiros. Esta mudança levanta preocupações entre os familiares do autor, como expressado por Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano e filho de Ricardo Ramos (1929-1992).Play VideoPauseUnmuteCurrent Time 0:00/Duration 0:30Loaded: 100.00%Fullscreenhttps://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.609.1_en.html#goog_1191138949
Ricardo Ramos Filho expressa sua discordância com a comercialização da obra, onde os principais beneficiários seriam as editoras, enquanto a família e o público não seriam diretamente beneficiados. Ele salienta que não se opõe ao acesso gratuito à obra de um autor após 70 anos de sua morte, como prevê a lei de direitos autorais, mas questiona a exploração comercial dessa liberdade, destacando que Graciliano Ramos nunca foi ausente das prateleiras, especialmente através da editora Record, responsável pela publicação de sua obra desde 1975.
“Aceitar eu não aceito, mas é a lei e tem que cumprir. Uma lei absurda”, disse ele ao Estadão.
A obra icônica “Vidas Secas”, com quase dois milhões de exemplares vendidos, estará entre os lançamentos iniciais que chegarão às livrarias no início do ano. Esta transição para o domínio público promete ser um desafio para as editoras, exigindo esforços para diferenciar e enriquecer suas edições diante da concorrência.
VIDA DE GRACILIANO
Graciliano Ramos nasceu na cidade de Quebrângulo, Alagoas, no dia 27 de outubro de 1892. Filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos era o primogênito de quinze filhos de uma família de classe média do Sertão nordestino.
Passou parte de sua infância na cidade de Buíque, em Pernambuco, e parte em Viçosa, Alagoas, onde estudou no internato da cidade.
Em 1904 publicou no jornal da escola seu primeiro conto O Pequeno Pedinte. Em 1905 mudou-se para Maceió, onde fez seus estudos secundários no Colégio Interno Quinze de Março, quando desenvolveu maior interesse pela língua e pela literatura.
Em 1910 foi com a família morar em Palmeira dos Índios, Alagoas, onde seu pai abriu um pequeno comércio. Em 1914 foi para o Rio de Janeiro, quando trabalhou como revisor dos jornais: Correio da Manhã, A Tarde e O Século.
Voltou para a cidade de Palmeira dos Índios, onde duas irmãs haviam falecido de peste bubônica, em 1915. Trabalhou com o pai no comércio. No ano seguinte casou-se com Maria Augusta Barros, com quem teve quatro filhos.
Em 1928, Graciliano Ramos foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios. Nesse mesmo ano, já viúvo, casou-se com Heloísa de Medeiros com quem teve quatro filhos.
Em 1930 deixou a prefeitura e mudou-se para Maceió, quando assumiu a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado.
Fonte: 7segundos.com.br