A paz desejada antes, durante e depois dos 90 anos
O termo 12º jogador é versátil – ou polivalente – no futebol, podendo se referir a um atleta que sempre entra em campo vindo do banco de reservas ou até mesmo ao árbitro da partida, de maneira pejorativa entre rivais. Mas, provavelmente, a situação mais comum em que é utilizado serve para se referir aos que animam, fazem zoada e ‘cornetam’: os torcedores.
Eles são os responsáveis por animar o time do coração e atordoar os adversários com o barulho e a festa na arquibancada, criando cenários que chamam atenção de todos e [muitas vezes] os vídeos viralizam nas redes sociais. Entretanto, em 2023, a situação em destaque entre as torcidas dos principais clubes de Alagoas, CRB e CSA, não foi essa.
Veículo depredado, espancamento e até mesmo homicídio foram alguns dos casos policiais envolvendo integrantes de organizadas que tomaram conta dos noticiários. O alto número de ocorrências chamou atenção do Ministério Público de Alagoas (MPAL), que, por meio da Promotoria de Justiça do Torcedor, criada em 2012, decidiu procurar soluções junto às autoridades e às entidades do esporte.
‘Jogando pela paz’: o MP entrando em campo como titular
No final de setembro do ano passado, foi proposto o ‘Jogando pela paz’ para buscar fortalecer o enfrentamento à barbárie no futebol de Maceió, através de uma rede especializada, que agrega várias instituições, entre elas o MPAL; Polícia Civil; Polícia Militar; Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj); Federação Alagoana de Futebol (FAF); CSA e CRB.
Sendo uma iniciativa dos promotores Sandra Malta e Bruno Baptista, o projeto tem a intenção de atuar em quatro frentes, da prevenção à repressão.
“Esse é um problema que afeta o Brasil inteiro e até fora dele. Em Alagoas, o MP vem agindo há um bom tempo nesse sentido, tanto que conseguimos [diminuir a violência] dentro dos estádios. É claro que a gente não pode dizer que vai cessar a criminalidade. Ninguém pode prever o que vai ocorrer”, explica Sandra Malta, da Promotoria de Justiça do Torcedor.
Entre ações como suspensões temporárias, já foi até considerado e tentado anteriormente, há cerca de 10 anos, o banimento permanente de organizadas envolvidas nestes casos de brutalidade. Porém, o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça. Sandra ainda levantou o ponto de que, em caso da perpetuidade do afastamento, estes mesmos indivíduos poderiam se organizar em outro grupo.
Numa linha parecida, só que pelo CRB, existe a Bravos. Inspirada nas barras bravas da própria América Latina, o movimento de apoio total ao time chega com o intuito de revolucionar a maneira de torcer em Alagoas, independente da fase. Pedro Castro, o presidente, contou que o espaço foi adquirido sem querer substituir ninguém, mas considerou a trajetória difícil por conta da tradição das outras.
“Os cânticos de rivalidade, de uma torcida xingar a outra (…) isso expressa este comportamento dentro do futebol. E vai se disseminando até chegar nas brigas de fato, na rua. Só que tomou uma proporção que, atualmente, fugiu totalmente do controle dos líderes, isso é um fato. A nossa não tem essa filosofia”, declarou.
Fonte: tnh1.com.br