PM diz que câmeras destruídas por policiais foram instaladas pelo crime organizado; VÍDEO
A Polícia Militar informou que os agentes filmados quebrando câmeras de monitoramento em uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, destruíram os equipamentos após denúncias de moradores sobre os aparelhos terem sido instalados pelo crime organizado. O g1 apurou junto à corporação, nesta quarta-feira (21), que o objetivo dos bandidos seria “monitorar” as ações policiais.
O flagrante aconteceu durante patrulhamento na Rua Santo Amaro, na comunidade da Prainha. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou investigar as imagens, que circulam nas redes sociais.
Ainda de acordo com a PM, na ação realizada na comunidade foram retiradas barricadas, ofendículos [equipamentos utilizados para resguardar o patrimônio, como cacos de vidro sobre muros] e outros objetos não especificados que, segundo a corporação, impediam ou prejudicavam a presença policial.
A Polícia Militar ressaltou que atua “de acordo com o estudo de dados e informações de inteligência de Segurança e Ordem Pública”.
Ainda de acordo com a corporação, o objetivo dos agentes é identificar, avaliar, monitorar, mitigar [tornar menos intenso] e reprimir fenômenos criminais e não criminais que possuem “potencial de romper com a ordem pública”.
Câmeras destruídas
As imagens mostram o momento em que um policial pega uma grade de metal, ao lado de uma caçamba de lixo. Outro PM utiliza o equipamento como escada para chegar na câmera e, em seguida, atinge o equipamento com um pedaço de madeira. Um colega de farda ainda aparece puxando e destruindo outra câmera. (assista no topo da reportagem).
Ao menos seis policiais participaram da destruição das câmeras de monitoramento. Um homem de blusa preta, que não foi identificado, também aparece nas imagens enquanto assiste a ação dos PMs.
Secretaria de Segurança de SP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou ao g1 que as imagens estão sendo analisadas para identificar os policiais envolvidos. Anteriormente à nota da PM, a pasta havia dito que a atitude dos policiais não condiz com a conduta da corporação.
“As forças de segurança do Estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional”, afirmou a SSP-SP, em nota.
A autoridade policial destacou ainda que a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para formalizar e apurar as denúncias contra agentes públicos. A SSP-SP destacou que a corporação tem compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.
O g1 entrou em contato com a Polícia Militar (PM), Defensoria Pública do Estado de São Paulo e com a Ouvidoria da Polícia, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Operação Verão
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, as 2ª e 3ª fases, que, respectivamente, contaram com reforço policial e instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos, foram decretadas logo após os assassinatos do soldado PM Samuel Wesley Cosmo, no último dia 2, e do cabo José Silveira dos Santos, no dia 7 de fevereiro.
Ainda de acordo com a SSP-SP, até o momento, mais de 681 pessoas foram presas, sendo 254 delas procuradas pela Justiça por algum tipo de crime. A pasta afirmou também que, além disso, quase meia tonelada de drogas foi apreendida, e 79 armas ilegais foram retiradas das ruas.
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu na última sexta-feira (16) à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
Fonte: g1.globo.com