A trapaça do prefeito que se reelegeu para dar lugar à namorada

Em uma pequena cidade como Goiana, Pernambuco, a meio do caminho entre o Recife e João Pessoa, capital da Paraíba, o segredo é uma coisa que se compartilha. Tanto mais quando envolve a autoridade pública número um do lugar – o prefeito.

Está escrito na lei, desde que a reeleição foi introduzida no Brasil em 1997, que ninguém pode governar o país nem os municípios por três vezes consecutivas. Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff governaram duas vezes seguidas.

Lula quase caiu na tentação de mudar a lei para governar três vezes. Como não deu, elegeu Dilma, pensando em sucedê-la quatro anos mais tarde. Não deu: Dilma fincou o pé e se reelegeu. Bolsonaro meteu-se entre os dois e se elegeu porque Lula foi preso.

Solto depois de 580 dias e reabilitado pela Justiça que anulou sua condenação, Lula voltou a se candidatar e derrotou Bolsonaro. Lula é o único brasileiro a governar o país pela terceira vez. E Bolsonaro, o único presidente que não conseguiu se reeleger.

O caso do prefeito de Goiana, Eduardo Honório (União-Brasil), 66 anos, conhecido como “Eduardo do Detran”, é curioso e inédito. Com 78,16% dos votos válidos, reelegeu-se no último domingo para governar Goiana pela terceira vez seguida. Só que não podia.

A Câmara Municipal de Goiana se reunirá em 1º de janeiro para eleger seu presidente. E aqui, o desfecho da história: Honório está certo de que o presidente será Paula. Ela assumirá a prefeitura até que haja nova eleição. Quando houver, será candidata a prefeita.

Que tal? O amor não é lindo? E a política não é uma beleza? Honório, à sombra de Paula, seguirá mandando em Goiana, um município com 85 mil habitantes, e cuja receita anual é de 1,5 bilhão de reais, graças a uma montadora de veículos.

Fonte: metropoles.c

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