Dívida das maiores recuperações judiciais do agro soma R$ 12,3 bilhões
O total de dívidas das dez maiores empresas em recuperação judicial (RJ) do agronegócio já soma R$ 12,3 bilhões. Em maio, esse montante era de R$ 5 bilhões. A quantia engordou de forma expressiva nos últimos dois meses, num salto de 150%, principalmente como resultado de RJs gigantes de empresas como a AgroGalaxy, de Goiânia (GO), e do Portal Agro, de Paragominas (PA), que atuam na venda de insumos agrícolas.
Elaborado para o Metrópoles pelo escritório Diamantino Advogados Associados, especializado no setor, o ranking (veja quadro abaixo) inclui outras RJs pesadas deste ano. Nesse caso, estão o processo do Grupo Patense, de Patos de Minas (MG), que processa resíduos de origem animal para fabricação de rações, óleo para a indústria de higiene e limpeza e biocombustíveis, e da Elisa Agro, de Aruanã (GO), uma das maiores empresas de agricultura irrigada do país.
Note-se, porém, que o levantamento considera apenas os pedidos de recuperação já concedidos pela Justiça. Logo, a lista deixa de fora as solicitações ainda em análise pelo Judiciário. “E essas são as RJs gigantes, dos grandões”, diz Eduardo Diamantino, sócio do Diamantino Advogados Associados, que destaca: “Elas incluem nove pessoas jurídicas (PJs) e apenas uma pessoa física”. No caso, o único nome que não está no rol de PJs é o do Grupo Cella, que atua em Sorriso e Nova Maringá (MT) e ocupa o décimo lugar do ranking.
Avanço entre produtores
Ainda assim, um levantamento da Serasa Experian mostra que o número de RJs solicitadas por proprietários rurais (no caso, pessoas físicas) chegou a 106 no primeiro trimestre de 2024. Em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 17 pedidos, houve um crescimento de 523%. Sobre 2022, que teve cinco requerimentos, o salto foi de 2.000%. Como essas RJs envolvem em geral valores menores, elas não entram no ranking.
Na avaliação de Eduardo Diamantino, as recuperações judiciais no agronegócio refletem uma mudança de ciclo. “Formou-se no campo o que chamam de tempestade perfeita”, afirma. “Há tantos problemas que fica difícil imaginar que mais um possa acontecer.”
O segmento, o mais pujante da economia brasileira por anos a fio, passou de uma bonança histórica entre 2020 e 2022 para um quadro internacional no qual, em suma, há um excesso de oferta, resultando na necessidade de ajustes pesados no mercado (para entender mais sobre a crise do agronegócio clique neste link).
O levantamento anterior feito pelo escritório de advocacia, divulgado pela Bloomberg em maio, em que o total de dívidas chegava a R$ 5 bilhões, o primeiro lugar era ocupado pelo Grupo Serafico Agroindustrial, de Toledo (PR). Ele tem tem dívida estimada em R$ 1 bilhão. O pedido de RJ foi concedido pela Justiça em dezembro de 2013.
As duas recuperações judiciais mais antigas do ranking são as da Usina Maringá, de Santa Rita do Passa Quatro (SP) e do Grupo AFG, de Cuiabá (MT). Ambas datam de 2020.
Fonte: metropoles.com