Enquanto a torcida sonha com Cristiano Ronaldo, a realidade bate à porta: o Botafogo não honrou um acordo firmado no começo do ano. A contratação de Wendel, anunciada pelo clube em 26 de janeiro, foi cancelada na manhã desta quarta-feira.
O Alvinegro alegou “questões geopolíticas” como justificativa para a quebra do contrato com o Zenit, da Rússia. Porém, os clubes fizeram dois negócios no início da temporada: a venda de Luiz Henrique para o time russo e a compra de Artur pelo Alvinegro.
O ge apurou que o Botafogo alegou não ter conhecimento de que o Zenit estava na lista de empresas russas sancionadas pelo governo dos Estados Unidos por causa da guerra da Rússia com a Ucrânia, conflito que acontece desde 2022. O Vasco, por exemplo, teve uma transferência cancelada pelo mesmo motivo. O clube russo é controlado pela Gazprom, uma empresa estatal.
Em fevereiro do ano passado, o clube de São Januário teve acordo firmado com Du Queiroz, então no Zenit, mas não pôde finalizar a transação porque à época era controlado pela 777 Partners. Ou seja, a questão sobre a sanção do Zenit não é novidade no mundo do futebol.
Os valores das operações entre Botafogo e Zenit
- Luiz Henrique: comprado pelo Zenit por 33 milhões de euros
- Artur: comprado pelo Botafogo por 10 milhões de euros
- Wendel: seria comprado pelo Botafogo por 20 milhões de euros
Finanças da Eagle Football influenciam
A empresa de John Textor, dono da SAF alvinegra, passa por complicada situação financeira, principalmente pelo Lyon, time do empresário na França. O OL precisa apresentar garantias financeiras de 100 milhões de euros ao DNCG (Direção Nacional de Controle e Gestão, um órgão de finanças do futebol francês) até o fechamento desta temporada.
O Eagle Football Club, uma das empresas da Eagle Football, grupo de Textor, registrou prejuízo líquido de 117 milhões de euros em relatório divulgado dos primeiros resultados da temporada 2024/25. Este valor é bem maior do que os 66,6 milhões de euros registrados para o mesmo período da temporada anterior (2023/24).
O julgamento para o Lyon apresentar os últimos relatórios financeiros da temporada ao DNCG está marcado para o dia 24 de junho, mas o resultado final pode ser postergado em caso de análises mais profundas por parte do órgão francês. Em caso de reprovação, o time pode sofrer transferban, limitações salariais e até ser rebaixado.
O contexto do Lyon é importante porque todos os clubes da empresa multi-clubes operam em sistema de “caixa único”. Internamente, alguns diretores da Eagle – que não têm envolvimento direto com o Botafogo – não viam com bons olhos gastar 20 milhões de euros em um jogador de 27 anos que não tinha grandes chances de lucro em uma eventual venda no futuro. A palavra final nas transações, vale ressaltar, era sempre de John Textor e dos dirigentes do Alvinegro – esses, sim, acreditavam no potencial do atleta.
O Botafogo ainda não havia quitado todas as parcelas combinadas pelas transferências de Artur. Enquanto isso, o Zenit pagou tudo o que fora acordado pela ida de Luiz Henrique – e quase todo o dinheiro foi registrado no Lyon, com intenção de ajudar o clube co-irmão.
O Botafogo alegou dificuldades burocráticas para efetuar os pagamentos para o Zenit. Diante desse contexto, abriu-se um precedente para cancelar a transferência. Indiretamente, as finanças da Eagle terão um alívio, afinal, deixará de gastar 20 milhões de euros.
Na teoria, é até possível realizar operações com clubes russos mesmo durante o período de guerra. Para isso, seria necessário criar uma alternativa de o local que o capital saísse e entrasse fosse de um país que não estivesse sobre os bloqueios, além de pedir várias autorizações para bancos. Diante de todas as situações, chegou-se à conclusão de romper o acordo.
O ge fez contato, e o Botafogo negou que o cancelamento da negociação tenha sido por questão financeira. Dirigentes alvinegros entendem Wendel como um “craque” e com alto potencial de valorização, afinal, poderia ser chamado pela Seleção. Os cartolas alegam que a motivação foi exclusivamente pela falta de transparência das sanções.
Jogador estava focado no clube, mas não recebeu
Enquanto os bastidores estavam agitados, Wendel se preparava para a apresentação ao novo clube. O volante, inclusive, soube primeiramente da situação em conversa informal com amigos próximos na semana passada.
O jogador ainda não recebeu as luvas – cifras que são acordadas como um “prêmio” no momento de assinatura do contrato, que fora fechado com o Botafogo.
Até a manhã de segunda-feira, os empresários do volante afirmavam ser “muito difícil” o acordo ser desfeito. O que, até então, parecia ser um fato, já que o vínculo estava firmado no papel desde o dia 25 de janeiro.
Wendel tem uma lesão no músculo adutor da coxa direita e vinha trabalhando em três períodos para voltar à tempo da Copa do Mundo de Clubes. Havia até um acordo para ele não voltar mais à Rússia, mas agora a tendência é que o jogador retorne a São Petersburgo.
Fonte: GE


Aqui você encontra interatividade, dicas, entretenimento, politica, religioso, esportes de Alagoas, Brasil e mundo!