A Dama das Camélias: o amor proibido entre um jovem burguês e a mais famosa cortesã de Paris chega aos palcos alagoanos
Um amor que vai desafiar os costumes e preconceitos da década de 1920 para se manter vivo. Essa é a história do jovem burguês Armando Durval e de Margarida Gautier, a mais famosa cortesã de Paris. O espetáculo A Dama das Camélias, baseado na obra de Alexandre Dumas Filho, ganha adaptação e chega aos palcos alagoanos nos dias 03 e 04 de agosto, com apresentações às 19h30 no Teatro Arte Pajuçara, em Maceió. Essa é mais uma produção do curso livre de teatro do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC).
Em A Dama das Camélias, Dumas Filho inspirou-se na cortesã Marie Duplessis e suas relações amorosas criando na literatura Margarida Gautier. Armando Durval pertence a uma família aristocrática de Paris. Ele apaixona-se pela cortesã Margarida. Mesmo diante da intolerância de sua família e do preconceito social, eles tentarão viver sua história de amor. Ao longo do espetáculo, são mostrados os obstáculos que o casal enfrenta para viver juntos, numa narrativa que mostra o quanto as pessoas se tornam reféns das outras quando gostam de alguém. Uma história de amor e desamor.
A obra original é ambientada na revolução de 1848, em França. Na adaptação alagoana, a peça se passa na década de 20. A direção é de Claudemir Santos, produção de Aldine de Souza. Os figurinos – assinados por Anna Clara Deschamps – retratam os costumes da época e chegam com muito charme e glamour. Já o elenco é formado pelos alunos da turma do Nível Intermediário II: Allan Agra, Andresa Nogueira, Anna Cláudia Almeida, Clara Lima, Grazi Agrelli, Isabela Braga, Kevin Vieira, Laura Maravilha, Léo Eira, Rob Lyra, Steffany Maia e Yasmin Vitória, além do aluno convidado, Thiago Lima e do ator convidado Tauan Pita.
A história se passa na casa de Margarida, local onde a cortesã recebe seu ciclo de amizades: outras cortesãs e homens. O diretor lembra que a personagem é a cortesã mais desejada da sociedade e invejada por todas as mulheres.
“Inclusive isso é muito claro pela curiosidade que essas mulheres têm após a morte de Margarida. Seus bens vão a leilão e são justamente elas que chegam ao imóvel, seja para comprá-los ou apenas para sentir o ambiente e conhecer mais profundamente quem é essa cortesã que atraía olhares e desejo de tantos homens”, explica Claudemir Santos.
A partir da trajetória de Margarida, o diretor fez um recorte relacionado ao amor que ela não conseguiu viver, justamente pelo seu histórico de vida, de seus relacionamentos
“Isso não era aceito pelo jovem Armando, que mesmo a amando intensamente, sentia um ciúme que impactou na história dos dois. Margarida tinha consciência desse amor jovem e apesar de ser muito gostoso de se sentir, sabia que tinha prazo de vida, principalmente por sua doença, assim como a insegurança dos sentimentos e o medo dele a deixar, até por conta da mocidade”, pontou o diretor.
Quem estiver no teatro para acompanhar a trama vai sentir o misto de emoções, é o que aposta o diretor. “O público pode esperar um espetáculo aquecido com muitos acontecimentos um atrás de outro que vai desenhando as cenas. É uma história de amor bem forte e que foi atrapalhada pelo tempo e pelos conflitos sociais. Uma história apaixonante entre duas pessoas e um ciclo de amizade que mantém a personagem central em evidência durante toda uma vida. Apostamos em sorrisos, lágrimas e que o público consiga liberar um pouco desse amor que está guardado dentro de si a partir do que Margarida e Armando sentem um pelo outro”, concluiu Claudemir Santos.
Da vida boêmia e luxuosa à entrega aos verdadeiros sentimentos
Margarida Gauthier é uma mulher bela, habituada à vida boêmia parisiense. Os gastos e hábitos luxuosos são suportados pelos amantes ricos que vai colecionando ao longo de sua vida. É o caso do Barão de Varville que ela escolhe sobre o jovem Armando Duval com que se enamora. Mas a insistência de Armando vai quebrar as barreiras do pragmatismo e Margarida aceita deixar o luxo de Paris para conhecer sentimentos verdadeiros.
Protagonizando a história, a aluna Anna Cláudia Almeida será Margarida. Para esse drama francês, ela conta que necessita de muita concentração para conseguir entender as nuances da personagem e traduzir os sentimentos em cena, de cada diálogo, que vai se diferenciando durante o espetáculo.
“É um espetáculo que traz em Margarida Gauthier uma alegria constante de tantos momentos felizes, mas que a faz passear por outros sentimentos complexos, até chegar ao destino anunciado. E não dá para esconder o grande desafio porque é preciso traduzir para o público o que a direção do espetáculo quer, fazer com que esses sentimentos sejam vivos o tempo inteiro em cena, sem perder o brilho da personagem, que é enaltecida a todo momento por aquele que compartilham sua trajetória”, diz a aluna.
A personagem traz a sensualidade de uma mulher que tinha todos aos seus pés e sabia disso. Mas apesar de tantos sorrisos, festas e vida boêmia, ela escondia o desejo de encontrar o grande amor. “E ela consegue, mas costumes da época e os preconceitos da sociedade fazem Margarida não viver essa história. Um amor que seria sua salvação da vida que havia escolhido, mas é interrompido, o que acaba caminhando para um desfecho trágico”, relata Anna Cláudia Almeida.
Já quem dará vida a Armando Durval, um dos personagens centrais da trama, é Allan Agra. Ele conta como a construção desse jovem burguês foi desafiadora durante todo o processo de ensaios. “Armando – apesar de jovem – é decidido sobre seu amor por Margarida e tem traços e características que o Allan não tem. Captar e transformar isso em um personagem, deixar com que isso esteja presente o tempo inteiro, é trabalhoso, mas enriquecedor, pois entendo que faz parte da concepção do ator desenvolver cada vez mais habilidades de interpretação fora do seu comum”, explica o aluno.
Mas entre o amor de Margarida e Armando surge a figura de Varville. Na peça original, foi escrita para um homem, mas no espetáculo do CEPEC, quem viverá será a aluna Laura Maravilha. Na adaptação, a personagem é uma mulher de posses, bem-sucedida e a frente de seu tempo. “Isso se revela em suas vestes, seus hábitos e suas falas. Varville sustenta uma paixão por Margarida. E é em torno dessa paixão e do intuito de conquistá-la que Varville oscila entre a dominação e a subserviência à sua amada”, conta a aluna.
O desafio para a aluna foi trazer a força da mulher a frente de seu tempo e também manter a feminilidade. “Ser e fazer uma ‘mulher de calças’ no contexto da década de 20 convida a uma atuação firme, corajosa, na busca de apresentar ao público uma mulher que pode ser quem ela quiser, seguindo no contrafluxo de uma sociedade machista que invisibilizava a mulher no cenário social. Fui buscando uma mulher firme, diferente, a frente de seu tempo, sem abrir mão de uma feminilidade acalentada na busca de seu grande amor”, completou Laura Maravilha.
Figurino e maquiagem: a concepção na década de 20
Assim como atores constroem as histórias em cena, cenário, figurino e maquiagem também são essenciais para fazer o público mergulhar no espetáculo. Nesta adaptação de ‘A Dama das Camélias’, a década de 1920 foi escolhida pela direção.
Quem assina o figurino é Anna Clara Deschamps, que é design de moda, produtora de moda e figurinista.
“Foi um processo muito gostoso, onde precisei relembrar um pouco meus estudos de história da moda, já que a época escolhida para retratar foram os anos 20. Então busquei me inspirar em filmes, fotos e personalidades da época para dar vida aos personagens”, conta.
Trabalhar como figurinista requer estudos bem específicos, isso porque o figurino compõe toda a cena, ajuda o ator nessa construção do personagem e remete ao público o tempo que a peça se passa. “Por isso é muito importante ir a fundo na história, buscar entender de fato todos os personagens e sempre buscar referências, seja em livros, filmes ou imagens da época”, acrescentou Deschamps.
A paleta de cores também foi pensada com todo cuidado pela figurinista, que já vem ganhando destaque pelas suas criações em outros espetáculos do CEPEC. “Optamos por uma paleta de cores suaves, com tons pastéis, por serem cores usadas nos anos 20 e por remeterem esse romantismo que a peça trará. Busquei escolher um tom de cor para cada casal, ou para aqueles personagens que tem uma ligação entre si, para que exista uma coerência e continuidade”, concluiu.
Já Alexandre Nascimento é responsável pela maquiagem para a caracterização de todo o elenco.
“Conceber a maquiagem para a peça foi uma experiência enriquecedora e desafiadora. Iniciei com uma pesquisa detalhada sobre a moda e os padrões de beleza do século XIX, buscando autenticidade e teatralidade”, disse o profissional.
A maquiagem da protagonista, Marguerite Gautier, refletiu sua complexidade, combinando suavidade e profundidade emocional. “Para os personagens masculinos, adotei uma abordagem sóbria que realçava expressões sem exageros. Colaborei estreitamente com a supervisão da direção e os atores, ajustando detalhes durante o teste de maquiagem. Ver a transformação dos atores e a reação do público foi gratificante, confirmando que o esforço valeu a pena. Criar essa maquiagem foi uma jornada de aprendizado e criatividade, essencial para a magia do teatro”, finalizou Alexandre Nascimento.
Serviço:
Espetáculo A Dama das Camélias
Dias 03 e 04 de agosto, às 19h30, no Teatro Arte Pajuçara.
Classificação: 10 anos.
Ingressos: R$60,00 (inteira) / 30,00 (meia).
Promocional: TODOS PAGAM MEIA-ENTRADA!
Você pode adquirir com o elenco, na recepção da escola ou no Sympla
Ficha Técnica
▪️Direção Geral, Direção de Movimento, Cenografia e Iluminação: Claudemir Santos
▪️Direção de Arte e Produção Geral: Aldine de Souza;
▪️Adaptação: Alexandre Cavalcante
▪️Coreografia: Camille Costa
▪️Figurino: Anna Clara Deschamps
▪️ Maquiagem: Alexandre Nascimento
▪️Contra-Regra: Alícia Costa
▪️Videomaker: Victor Soares
▪️Assessoria de Comunicacão: Anna Cláudia Almeida
▪️Designer: Raíza Oliveira
▪️Fotografia (material de divulgação): Madu Valentino
▪️ Fotografia (no dia do espetáculo): Márcio Rogério
Fonte: TNH1