Mulher desaparecida há quase 10 anos era mantida em cativeiro pelo próprio tio
Cativeiro onde mulher foi resgatada, em Jucuruçu — Foto: PC-ES
Vítima relatou que foi sequestrada pelo suspeito em 2015, sofreu abusos sexuais e era mantida trancada e sob ameaças de morte.
Uma mulher de 25 anos foi libertada após quase dez anos sendo mantida em cativeiro pelo próprio tio. Uma operação policial, realizada entre quinta (19) e sexta-feira (20), resgatou a jovem em um local de difícil acesso na cidade de Jucuruçu, no extremo sul da Bahia.
Desaparecida desde 2015 em Rio Bananal, cidade do Espírito Santo, após ser sequestrada pelo tio, ela conseguiu contatar a família só recentemente pelas redes sociais. Um vídeo mostra o momento emocionante do reencontro da moça com o pai após o resgate (veja acima). As imagens foram registradas pela Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES).
“Após quase 10 anos de buscas, conseguimos localizar a vítima graças ao contato que ela fez com a família. Agimos prontamente para organizar a operação, que foi um sucesso”, declarou o delegado Fabrício Lucindo, chefe da 16ª Delegacia Regional de Linhares, no Espírito Santo.
A operação começou na madrugada dessa quinta-feira (19), quando os policiais civis, acompanhados pelo pai da vítima, seguiram de Rio Bananal, no norte do estado do Espírito Santo, com destino à Jucuruçu, na Bahia, num trajeto de 450 Km de distância.
As equipes realizaram campanas para identificar o cativeiro e, na manhã desta sexta-feira (20), cercaram o local.
No entanto, o suspeito, de 43 anos, conseguiu fugir para a mata.
“O criminoso conhecia muito bem a área e, apesar de ser perseguido pelos policiais por um longo período, conseguiu evadir. Continuamos as buscas para capturá-lo”, explicou o delegado.
A vítima relatou que foi sequestrada pelo suspeito em 2015, sofreu abusos sexuais constantes e era mantida trancada e sob ameaça de morte, inclusive contra seus familiares, caso tentasse escapar.
De acordo com os autos do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), o tio passou a coagir a vítima em 2014, quando residiam no município de Rio Bananal, e cometeu o primeiro abuso sexual contra ela ao descobrir que mantinha “paqueras” na escola.
No início de 2015, o homem teria obrigado a sobrinha a fugir com ele, alegando que, caso contrário, mataria ela e a família. Na época, a vítima tinha 15 anos de idade.
Na ocasião, a adolescente deixou apenas uma carta para a família, dizendo que iria embora. O pai da vítima procurou então o MP-ES e a Delegacia de desaparecimento, mas não foi possível localizá-la.
Há oito meses, o suspeito deu à vítima um celular, o que permitiu que ela conseguisse contatar sua família sem o conhecimento dele. “Ela criou uma conta em uma rede social e conseguiu pedir ajuda. Foi a partir daí que conseguimos montar a operação”, explicou o delegado.
“Ele a vigiava o tempo todo e nunca permitiu que ela frequentasse a escola. A vida dela era completamente controlada por ele. A vítima passou por vários locais, incluindo a capital Vitória, onde viveu por três anos, antes de ser levada para Jucuruçu. Durante todo o tempo, ela foi obrigada a trabalhar na roça e recebia apenas R$ 100,00 por mês”, afirmou o delegado Fabrício Lucindo.
Além de libertar a vítima, a PC-ES apreendeu no local três armas de fogo de fabricação caseira, incluindo uma calibre 12 e um revólver calibre 38, além de munições e documentos falsos. As armas não possuem autorização legal.
Para o MP-ES, há indícios suficientes de que o tio é autor dos crimes de sequestro e cárcere privado, estupro, ameaça, porte ilegal de arma de fogo, entre outros. As investigações seguem em sigilo.
As buscas pelo sequestrador continuam. A polícia pede que qualquer informação sobre o paradeiro dele seja comunicada pelo Disque Denúncia 181, com garantia de sigilo.
A operação foi liderada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES), por meio da Superintendência de Polícia Norte e da 16ª Delegacia Regional de Linhares, com o apoio da Delegacia de Polícia (DP) de Rio Bananal e do Promotoria de Justiça de Rio Bananal. De acordo com a PC-ES, a Polícia Militar da Bahia apoiou a operação.
Fonte: G1