Em entrevista recente, o juiz aposentado Marcelo Tadeu reafirmou que o homicídio do advogado Nudson Harley, ocorrido em 2009 em Maceió, teve como verdadeiro alvo ele próprio. “Eu não tenho a menor dúvida que o alvo era eu”, disse o magistrado. Testemunhas afirmaram que os criminosos gritaram “Pegamos o cara errado” após o crime. Segundo Tadeu, o advogado assassinado tinha características físicas semelhantes às suas, e o erro de execução foi confirmado anos depois por um inquérito da Polícia Federal.
O inquérito foi aberto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e confirmou a tese de que o juiz era o alvo da execução. A surpresa veio com a identificação do suposto mandante: o atual delegado-geral de Alagoas, Paulo Cerqueira, que na época chefiava a Deic e investigava o caso. Cerqueira nega envolvimento. Um despacho da PF, assinado em 12 de março de 2021 pelo delegado federal Alexandre José Borges de Mendonça, revelou uma trama complexa, que incluiu até o pagamento de despesas do executor pela própria Polícia Civil alagoana.
A PF destacou que a Polícia Civil de Alagoas ignorou, desde o início, a possibilidade de Marcelo Tadeu ser o verdadeiro alvo, mesmo com evidências. “Diziam que era esquizofrenia minha. Bati à porta do Judiciário, tive resposta zero. No Ministério Público, também fui ignorado. Só fui ouvido um ano e meio depois”, relatou o juiz aposentado. Ele lamenta que, mesmo com todos os sinais, a investigação local nunca seguiu essa linha: “Hoje está mais do que provado que o negócio é pesado, é crime organizado”.
A revelação ganhou novo destaque após a morte de Antônio Wendel Melo Guarnieri, apontado como executor do crime, dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Alagoas, nesta quinta-feira (5). Wendel era ex-integrante do programa de proteção a testemunhas e foi preso semanas antes do assassinato de Nudson. “A mãe dele me ligou e perguntou quem mandou matar o filho. O coitado estava na hora errada. O tiro era pra mim, e ele foi no meu lugar”, finalizou Tadeu.
Fonte: Agora Alagoas


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