Dono de prédio que desabou em Rio das Pedras admite à polícia que obra de construção era irregular

Dono de prédio que desabou em Rio das Pedras admite à polícia que obra de construção era irregular



Ele disse que comprou terreno há 25 anos e construiu prédio aos poucos, sem qualquer projeto técnico e contratação de profissionais especializados; 15 dias antes da tragédia, vidro de janela estourou sem motivo aparente. Ele é pai e avô dos dois mortos no desabamento.


O proprietário do prédio que desabou nesta quinta-feira (3) em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio deixando dois mortos e quatro feridos, admitiu à polícia que a construção era irregular e revelou que vidro de janela estourou 15 dias antes, sem motivo aparente. Genivan Gomes Macedo é pai de Nathan Gomes e avô de Maitê, que morreram sob os escombros do imóvel.

O G1 obteve o Termo de Declaração do depoimento prestado, ainda na quinta-feira, por Genivan à 16ª Delegacia (Barra da Tijuca). Segundo a polícia, ele procurou a unidade policial voluntariamente, ou seja, sem ter sido intimado, para prestar esclarecimentos sobre a obra de construção do imóvel.À polícia, ele contou que “comprou o terreno há mais ou menos 25 anos, na década de 90”, quando nele havia apenas “um barraco de madeira”. A construção do prédio de cinco pavimentos foi feita, segundo Genivan, aos poucos, “conforme ia conseguindo pagar pela construção”.

Toda a construção teria sido paga com recursos próprios e contratação de pedreiros, segundo Genivan. Indagado pelos policiais, ele afirmou “que nunca foi feita uma planta do imóvel ou contratado profissionais especializados”. Também disse que não possui escritura do imóvel, apenas o documento de posse dele.Ele enfatizou, ainda, que construiu o prédio “apenas para que seus familiares tivessem onde morar, sem nunca ter alugado qualquer pavimento para terceiros.No andar térreo do prédio funcionava uma lan house, que era administrada por um dos filhos de Genivan, o Nathan, morto no desabamento junto à filha Maitê. Eles moravam no primeiro andar juntamente com Maria Quiaria – mulher de Nathan e mãe de Maitê – que foi a última pessoa resgatada com vida após cerca de seis horas soterrada sob os escombros.Vidro de janela estourou 15 dias antes do desabamento
Ainda conforme o depoimento prestado à polícia, Genivan disse que no segundo andar do prédio, “que estava apenas no tijolo, sem acabamento”, não morava ninguém, nem passava por obras. Já no terceiro andar morava sua filha Nathaniela Gomes e o marido, Jonas Souza, ambos resgatados com vida após a tragédia. Ele destacou que, 15 dias antes do desabamento, a filha contou que o vidro de uma das janelas estourou sem motivo aparente.

“Que há 15 dias sua filha Nathaniela informou que o vidro de uma janela, do terceiro andar, havia estourado. Que achou que alguém havia jogado uma pedra”, destaca trecho do depoimento.Nathaniela segue internada no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Ela sofreu queimaduras graves em uma das pernas provocadas pelo incêndio que ocorreu após o desabamento do prédio.

Já no quarto andar do prédio moravam a ex-mulher de Genivan, Antônia Gomes, e a filha dela Tatiana Souza, fruto de outro relacionamento. Genivan ressaltou à polícia que não vivia no imóvel há cerca de quatro anos, quando se separou de Antônia.

Antônia escapou do desabamento porque dormiu no trabalho na noite de quarta-feira (2).

Questionado, Genivan disse que estudou apenas até o terceiro ano do ensino fundamental, pois precisou parar os estudos para trabalhar e ajudar no sustento da família no Ceará, onde nasceu. Ele se mudou para o Rio aos 18 anos de idade e, desde então, “trabalhou como vigia de obra, vendedor de hambúrguer, vendedor de água, até que, aproximadamente, três anos atrás, conseguiu comprar um mercadinho”.

O mercado, contou Genivan, foi vendido recentemente porque ele tinha planos de voltar a viver no Ceará. Ele destacou aos policiais que a tragédia o deixou “extremamente abalado com todo o ocorrido, tendo perdido seu filho e sua neta”.

Retirada dos escombros
Os trabalhos para retirada dos escombros do prédio que desabou foram retomados por volta das 9h desta sexta-feira (4). Cerca de 60 pessoas estão envolvidas, sendo que 25 delas, funcionárias da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva), lidam diretamente com a coleta do entulho.Ainda na quinta-feira foram retirados 3 caminhões de entulho do local. Nesta sexta-feira, uma retroescavadeira, uma escavadeira hidráulica e três caminhões são usados nos trabalhos.

A prefeitura destacou que seis técnicos da Defesa Civil estão acompanhando os moradores dos prédios interditados a entrar em casa e pegar alguns pertences.





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Fonte: tnh1

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