Alagoas está na 2ª posição do ranking de estados com pessoas mais “infelizes” do país

Alagoas está na 2ª posição do ranking de estados com pessoas mais “infelizes” do país

Os estados do Sul e do Centro-Oeste são os campeões de bem-estar no país, de acordo com o “índice de infelicidade” (indicador que soma os dados de inflação com os de desemprego). Já os do Nordeste dominam o ranking dos mais “infelizes”. Alagoas está na segunda posição no ranqueamento, perdendo apenas para o estado da Bahia.

Os dados são de um levantamento do pesquisador Daniel Duque, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), divulgado com exclusividade para a Folha. ​
Nove entre os dez estados considerados mais “infelizes” são da região Norte e Nordeste, com destaque para Bahia (24,7%), Alagoas (24,3%) e Sergipe (23,9%) nas piores posições do ranking, sobretudo devido ao alto patamar de desocupação.

Duque recorda que não há atalhos para melhorar a situação desses estados. “Não há solução mágica, apenas maiores compensações financeiras, por meio de transferências diretas para região. O auxílio emergencial tem tido esse papel, mas o Bolsa Família também pode ajudar.”

Mais diversificada, a economia da região Sul domina as melhores posições nos últimos oito anos, sendo quanto mais baixo o indicador, maior é o bem-estar. O destaque no período é Santa Catarina (10%). Em seguida, aparecem agora o Rio Grande do Sul (13%) e o Paraná (13,6%).

O levantamento considera a taxa de inflação acumulada em quatro trimestres para cada estado e a média da taxa de desemprego nos últimos quatro trimestres, explica o economista.

“O Sul é também uma região com grande participação da agropecuária, além de pequenas e médias indústrias. O setor formal na região também, em geral, é alto e costuma ser mais resistente aos períodos de crise”, avalia Duque.

Os números mostram catarinenses, gaúchos e paranaenses são beneficiados pela desocupação mais baixa que a média do país, uma situação parecida com a de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

No caso do Centro-Oeste a sensação de bem-estar se deve aos reflexos do bom desempenho das commodities, sobretudo a soja, que experimentam um novo ciclo de alta de preços embalado pela retomada da China após atravessar a pandemia do novo coronavírus.

Entre abril de 2020, quando o ciclo de alta ficou mais visível, e junho deste ano, o índice CRB (Commodity Research Bureau), indicador que acompanha a variação de preços de uma cesta de produtos básicos, mais que dobrou. Para a soja, em que os estados da região se destacam na produção, o aumento no índice foi de 75% no período.

Crise com pandemia ajudou a piorar a situação

A crise de 2015 e 2016 e a debacle provocada pela pandemia de Covid-19 ajudaram a piorar a sensação de bem-estar dos brasileiros. Com desemprego recorde e inflação em alta, uma reportagem recente da Folha apontava que o “índice de infelicidade” dos brasileiros era o pior em cinco anos.

No primeiro trimestre, quando a taxa de desemprego atingiu 14,7%, pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, e o país atravessava a segunda onda da pandemia, o índice de infelicidade atingiu 19,83%, maior nível desde 2016.

Ao se olhar para os preços, a pressão da energia elétrica fez a inflação acelerar em maio, pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo). Em 12 meses, a alta foi de 8,06% (acima do teto, de 5,25% para este ano).

Entre 2013 e 2021, houve uma piora impressionante do Rio de Janeiro no ranking. O estado ocupava a 13ª posição há oito anos (na metade do ranking) e agora está na quinta pior colocação.

“No caso do Rio, ocorreu uma conjugação de fatores políticos e econômicos que, nos últimos anos, tem afetado o Estado desproporcionalmente em relação ao resto do país”, lembra o pesquisador.

Já São Paulo ficou praticamente estagnado no período, passando do 16º para o 15º lugar na lista. Segundo Duque, apesar de ser o estado mais rico do país, a economia local depende em grande parte do setor de serviços, que teve o emprego duramente afetado nos últimos anos.​

Na comparação com os países que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil aparece na segunda pior posição do ranking de infelicidade, atrás apenas da Turquia, com 26,28%.

Na lista com 38 países, as melhores posições no primeiro trimestre ficaram com Japão (2,4%), Finlândia (4,40%) e Eslovênia (4,80%).

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Fonte: tnh1

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