Médico do DF que explodiu duas lanchas para receber seguro vira réu
Oito integrantes de uma associação criminosa especializada em simular acidentes com lanchas e carros de luxo foram indiciados pela Polícia Civil (PCDF) e denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As investigações sobre a ação do bando ocorrem no âmbito da operação Navio Fantasma, da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). O grupo foi denunciado por associação criminosa e estelionato.
Entre os denunciados, está o cirurgião plástico Wilian Pires. Segundo as investigações da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimonais (Corpatri), o médico forjou o incêndio que destruiu duas lanchas de luxo que, juntas, somariam o valor de R$ 2 milhões. Em um dos casos, Pires incendiou um barco de 50 pés propositalmente, segundo as investigações. A lancha foi queimada em 11 de dezembro do ano passado, por volta das 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).
O cirurgião teria assinado o seguro do barco e se declarado como proprietário. Logo em seguida, com a ajuda de comparsas, simulou o incêndio para receber o dinheiro. Os valores seriam perto de R$ 800 mil. Em outra situação, o total referente ao sinistro ficou em de R$ 1,2 milhão, após uma nova embarcação ser incendiada de forma proposital.
Segundo o diretor da Corpatri, delegado André Leite, a atuação desse tipo de grupo desestabiliza o mercado segurador, que precisa se valer de recursos pagos por clientes honestos para compensar o prejuízo. “E isso repercute, necessariamente, no aumento dos valores de seguro para a população do Distrito Federal, que acaba suportando o prejuízo”, disse.
Vida de luxo
Nas redes sociais, Wilian Pires, que se apresenta como especialista em lipoaspiração de alta definição e mamoplastia de aumento, faz questão de ostentar uma rotina de luxo, com muitas viagens ao exterior. Sempre na companhia de mulheres, o médico também compartilha com seus seguidores passeios de barco e comemorações em restaurantes badalados da capital federal e em locais paradisíacos, como Fernando de Noronha.
De acordo com o diretor da DRF, delegado Fernando Cocito, o envolvimento de embarcações nesse tipo de golpe afasta as empresas de seguro do mercado náutico, pois não há condições de suportar o risco. E isso repercute diretamente na capital federal, que possui a quarta maior frota náutica do país – são pelo 52 mil embarcações no Lago Paranoá.
“Ressalta-se que se trata de associação criminosa armada, que, além de forjar acidentes automobilísticos e aquáticos, comercializou, em desacordo com a lei, pelo menos 11 fuzis calibre 5.56, de uso restrito, ainda não localizados”, ressaltou.
O Metrópoles tentou entrar em contato do com a defesa do médico, mas não conseguiu localizá-la. O espaço permanece aberto para manifestações.
Navio fantasma
A força-tarefa cumpriu 12 mandados de busca e apreensão nas regiões do Lago Sul, da Asa Norte, de Vicente Pires, Taguatinga, do Guará, de Águas Claras e do Núcleo Bandeirante. De acordo com as diligências da Corpatri, os investigados agiram nos últimos dois anos e forjaram dezenas de acidentes envolvendo carros de luxo, como BMW e Porsche, entre outros. No total, foram destruídos 10 veículos.
As apurações da DRF apontaram que os acidentes forjados ocorreram no setor de Clubes Esportivos Sul e na DF-140, nas proximidades do Complexo Penitenciário da Papuda, sempre durante a madrugada. Em todos, houve choque proposital da coluna central dos veículos, dano estrutural que conduz necessariamente à perda total.
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Fonte: tnh1