Artistas transformam muro de mais de 400 metros em galeria de arte ao ar livre em Maceió
O paredão do emissário submarino da BRK Ambiental em Maceió foi transformado em uma grande galeria de arte ao ar livre pelo talento de seis artistas alagoanos – Didi Magalhães, Heway Verçosa, Joe Santos, Lívia Maya, Pedro Lucena e Yara Pão. Ao todo, mais de 400 metros de muro serviram para expressar o tema “Saneamento e Meio Ambiente”, de uma forma criativa e autêntica, valorizando a cultura, os artistas locais e as belezas naturais do estado, além de sensibilizar a sociedade para o tema.
O projeto, que chama a atenção de quem passa pela região, porta de entrada e saída ao sul da capital alagoana, é uma iniciativa da BRK Ambiental, concessionária responsável pelos serviços de água e esgotamento sanitário em 13 municípios da Região Metropolitana de Maceió.
Por meio da arte, cada artista pode expressar o impacto dos serviços de saneamento para a sociedade e o meio ambiente, com painéis de cerca de 50 metros e total liberdade para o processo criativo.
Com 26 anos e há oito se expressando por meio da arte urbana, Yara Pão foi a responsável pelo painel que traz a mãe natureza como mote principal na relação água e meio ambiente. Ela explica que seu processo criativo começou com a pesquisa sobre a etimologia da palavra ‘natureza’ e, a partir daí, foi introduzindo outros aspectos envolvidos nessa relação e unindo àquilo que já é marca nas suas criações – o rosto feminino.
“O insight é o que realmente é mais difícil, que toma mais tempo e se torna mais complexo do que a própria pintura em si. Optei em representar as figuras femininas pelo fato de a mulher ser um símbolo atemporal relacionado à natureza, à fertilidade. A própria etimologia da palavra ‘natureza’ significa nascimento e este aspecto já foi fortemente trabalhado em outras épocas, como na idade média. Incluí três figuras para representar três elementos: um aquático, um terrestre e um no ar. Uma delas é negra porque também trouxe a questão da inclusão, aproximando a natureza do que é humano. Você pode perceber que no painel elas estão observando pontos diferentes. A primeira olha para cima, a do meio para frente e a última para baixo, simbolizando essa atenção para a natureza, esse giro no olhar que devemos ter. Foi um projeto incrível”, explicou Yara.
Segundo ela, o período chuvoso foi um desafio a mais para os artistas. Por vezes, eles pintavam e, ao cair a chuva, viam o trabalho se desmanchar, mas sem dúvidas sabiam da importância da arte para impactar a sociedade com um tema tão delicado e complexo.
“Quando a gente fala de meio ambiente não é só a relação com a natureza e quando a gente fala de cidade não é só sobre prédios. O conforto também é visual e olhar esse muro, que é talvez o maior muro de extensão na entrada da cidade, já vai impactar as pessoas. Porém, este é um trabalho em conjunto. As pinturas foram voltadas para a contemplação. O ato de chamar atenção para este espaço já é uma forma de instigar a discussão sobre o respeito ao meio ambiente e a luta pelos nossos direitos, uma forma de sensibilizar quem vive no nosso estado. Já fiz muitas coisas autorais, coletivas, comerciais, em comunidades, mas como a proposta desse muro foi a primeira vez”, complementou a artista, que é formada em design pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Curadoria
Pela sua trajetória profissional com a arte, Didi Magalhães foi convidada pelo idealizador do projeto, Felipe Guimarães, gerente de Comunicação e Sustentabilidade da BRK Ambiental, para fazer a curadoria.
“A partir do convite, comecei a mapear artistas urbanos que dialogavam com a proposta do projeto da BRK. Também segui uma linha em busca de um equilíbrio nos estilos de cada um deles. Escolher cinco, dentre tantos outros talentos que temos no estado, para pintar quase meio quilômetro de parede, além de me colocar neste trabalho, foi o grande desafio. Aqui na capital, ainda não existia uma obra aberta ao público tão grande e impactante. Esse pioneirismo, aliado à proposta de revitalização, torna esse projeto da BRK relevante e necessário”, destacou Didi.
Para a artista, a galeria é um grande convite ao despertar da consciência e à apreciação da arte local como um respiro. “Enquanto pintava, percebi uma grande curiosidade dos passantes e dos moradores. Eu via as pessoas inspiradas e felizes ao apreciar o que estava sendo construído. Também já foi possível ver uma mudança de comportamento da população, porque o lixo que era sempre descartado em alguns pontos, anteriormente, já não vemos mais. Agora, o espaço tem sido utilizado de outra forma. As pessoas caminham, fotografam e ocupam o local com respeito e afeto. Um local que também é delas”, destacou.
Em sua obra, o ponto central do desenho é o olho, pintado em diversos tons com raios nas cores da água e da terra, simbolizando a ideia de que a partir de agora todos estão convidados a se manter atentos, como uma forma de cuidado coletivo.
“A inclusão dos elementos orgânicos sobrepostos vem da ideia de que tudo que é cuidado floresce, em suas várias formas. Assim, o objetivo é convocar cada um dos passantes a desenvolver esse olhar mais responsável, consciente e transformador, afinal, cada um tem sua parcela de responsabilidade com a preservação, o cuidado e o amor com o entorno. Esta relação precisa acontecer de uma maneira leve e afetuosa. É como se fosse, de fato, um convite e não uma imposição, o que torna esse processo prazeroso, fluido e capaz de gerar frutos permanentes”, avaliou a curadora do projeto.
Para o gerente de Comunicação e Sustentabilidade da BRK Ambiental, Felipe Guimarães, a cultura pode ser uma ferramenta de transformação na atuação da empresa.
“O emissário submarino, operado pela BRK desde 1º de julho, é um marco na paisagem urbana da nossa capital. No entanto, apesar de estar na beira da praia, sempre foi algo muito distante da população. Levar arte para o muro de uma base operacional como essa faz com que a sociedade ressignifique esse espaço, entenda a importância desse sistema e reflita sobre como o saneamento é vital para o meio ambiente como um todo”, explica Felipe.
A pintura no muro do emissário submarino da BRK é apenas uma parte de todo o processo de reforma e modernização pela qual a base operacional irá passar nos próximos anos. O sistema, inclusive, é peça fundamental para a consolidação da meta da BRK de saltar de 27% para 90% da população da Região Metropolitana de Maceió atendida por esgotamento sanitário nos próximos oito anos.
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Fonte: tnh1