Com medo de morrer, Gari baleado por policiais militares muda de residência

Com medo de morrer, Gari baleado por policiais militares muda de residência

Menos de uma semana após ter recebido alta do Hospital Geral do Estado (HGE), o gari Walquides Santos da Silva, que foi baleado no intestino durante uma suposta ação ilegal praticada por policiais militares, na Vila Emater, em Maceió, decidiu mudar de residência, junto com a família, por sentir medo de permanecer no local.

Em entrevista ao TNH1, a irmã da vítima, que não quis ter o nome identificado, contou que a mudança ocorreu por questões de insegurança. “A gente não confia. A gente vê tantas pessoas que passaram por isso, ou que foram testemunhas, e que depois morreram. E até por ele mesmo, que ainda não entende bem o que aconteceu”, afirmou.

Walquides, que alega ter sido confundido com um traficante, ficou internado durante 15 dias no HGE. A irmã relatou que mesmo no leito do hospital, o gari foi vítima de descuido e preconceito. “Até no hospital ele foi destratado. Ele foi discriminado por estar lá como réu. Ele pedia pra que alguém trocasse o lugar que ele tava fazendo xixi e demoravam pra fazer, diziam que não tinham tempo pra isso”.

Ela contou que os policiais chegaram no hospital mentindo sobre Walquides, afirmando para os funcionários que ele era traficante e ex-presidiário. “Ele soube pelos próprios enfermeiros que ‘era ex-presidiário’. Ele me disse que, naquele momento, o mundo caiu”.

Ainda segundo a irmã, além de estar enfrentando uma recuperação delicada e lenta, precisando de ajuda até para se levantar, Walquides também está apresentando um quadro de depressão pós-traumática. “A gente vai correr atrás de um psicólogo porque ele tá chorando muito, preocupado com o trabalho, deprimido. Uma pessoa que joga bola, surfa, e de repente mudou tudo na vida dele, botou a vida da família de cabeça para baixo”.

“Quando a gente chega na comunidade, o que não falta é história de pessoas agredidas, ou que os policiais já chegaram invadindo, quebrando tudo. Não é porque é negro, pobre e mora numa favela, que é traficante. Não é assim não. Gente errada tem até em condomínio de luxo. O que me revolta é que por serem fardados, ainda vai ter uma investigação, enquanto eles tão andando, trabalhando, ganhando seu salário. Agora o cidadão trabalhador que não veste uma farda, já é levado pra um presídio. Meu irmão tá sem trabalhar e só com três meses é que vão fazer uma perícia. Isso tá errado”, concluiu.

@conexaonawebofc

Fonte: Tnh1

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